Vamos falar sobre o tumor de rim e os próximos passos a serem tomados após encontrar um nódulo renal.
Uma pincelada sobre o papel dos rins
Antes de falar do tumor de rim, vamos a uma breve introdução. Os rins são os órgãos responsáveis pelo equilíbrio de água e sais do corpo, além de exercer uma função importante na eliminação de substâncias metabolizadas pelo organismo. Existem vários tipos de câncer de rim, mas o tipo mais comum do câncer nos rins é o carcinoma de células renais, que representa aproximadamente 90% dos casos que se originam nesse órgão.
Epidemiologia e Diagnóstico dos nódulos / tumor de rim
Hoje em dia, graças à ampla realização de exames de imagem em nível populacional, mais de 70% dos tumores malignos de rim são descobertos ainda pequenos, sem sintomas associados, e com alta chance de cura. A essa descoberta, chamamos de DIAGNÓSTICO.
O câncer de rim acomete os homens mais do que nas mulheres e normalmente atinge indivíduos entre 55 e 75 anos de idade. Há várias especificidades de câncer de rim, o mais frequente é o carcinoma renal de células claras (70% a 90% dos casos), que se origina no tubo contorcido proximal, onde ocorre a purificação do sangue.
Aproximadamente 54% dos tumores renais diagnosticados hoje estão confinados ao rim, 20% são localmente avançados (acometendo gânglios regionais próximos ao rim) e 25% já apresentam metástases da doença, principalmente para os pulmões, fígado e ossos.
O uso de cigarro, a hipertensão arterial e a obesidade têm sido relacionadas ao câncer de rim. Além disso, pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise estão sob um maior risco de desenvolver câncer de rim. Algumas síndromes genéticas raras também aumentam o risco de desenvolver tumores malignos nesse órgão.
Quais os sintomas de um tumor de rim?
O câncer de rim pode gerar sangramento na urina e dor na parte lateral da barriga. Como ele é um órgão que se localiza mais profundamente na barriga, sintomas mais intensos e possibilidade de palpação do câncer só ocorrem quando a doença está mais avançada. Muitos casos são descobertos já com metástases e os sintomas podem ser decorrentes mais da metástase do que do próprio tumor no rim. Massa palpável faz parte da tríade de tumor renal (dor, sangramento urinário, massa palpável), mas só ocorre em tumores muito grandes.
Como diferenciar tumores benignos de malignos?
Dois tumores renais benignos merecem destaque, o oncocitoma e o angiomiolipoma. Nem sempre o exame de imagem consegue diferenciar entre eles o câncer. A biópsia de rim não é indicada na maior parte dos casos por diversos motivos, sendo o principal a baixa acurácia da mesma pela heterogeneidade do tumor renal.
O que fazer após o diagnóstico do tumor de rim? Passamos ao estadiamento.
Essa neoplasia pode acometer estruturas em volta do rim e conceber tumores em várias partes do corpo (metástase), mas dificilmente atinge os dois rins ao mesmo tempo.
Uma vez feito o diagnóstico, todo tumor maligno deve ser estadiado. Para que seja realizada uma padronização da classificação, utilizamos uma ferramenta chamada de ESTADIAMENTO. O estadiamento analisa aspectos do câncer, como localização, extensão do tumor no local onde ele surgiu, disseminação para linfonodos e outros órgãos do corpo.
Conhecer o estágio do tumor ajuda na definição do tipo de tratamento e a prever o PROGNÓSTICO do paciente, uma previsão, de como aquele tumor e aquele paciente vão evoluir ao longo do tempo. Baseia-se em estudos prévios nos quais pessoas com tumores de mesmo órgão, tipo e estadiamento foram acompanhadas. Portanto, é uma previsão incerta, porém com alta acurácia pois se baseia em dados reais.
Os estágios do câncer de rim variam de 1 a 4, sendo que o estágio 4 é quando a doença está mais avançada. Se você recebeu recentemente um diagnóstico de tumor de rim, saiba que cada caso possui suas particularidades e merece tratamento individualizado – seja cirúrgico, com radioterapias e/ou quimioterapias.
Tratamento atual para tumor de rim
O tratamento do câncer renal depende do tamanho do tumor e se há metástase ou não.
Quando a doença está apenas no rim, o tratamento é feito com a cirurgia de retirada parcial ou total do rim. Por ser um órgão que acomoda 500ml de sangue por minuto, a cirurgia deve ser extremamente minuciosa para evitar sangramentos. Nessa situação, possuem alta chance de cura com cirurgia. Técnicas de vídeo e robótica são as mais empregadas, com alta eficácia.
O procedimento cirúrgico para retirada do rim é chamado de nefrectomia e costuma ser indicado para o tratamento de pacientes com carcinoma de células renais de grande volume, o câncer de rim mais frequente. Outras indicações são para quem sofre de rim não funcional, da doença de rim pequeno congênito e para quem deseja doar o órgão a alguém que necessita de um transplante renal.
A nefrectomia de um rim doente pode ser parcial ou total (radical). Na nefrectomia parcial, apenas a parte doente ou lesada do rim é removida. A nefrectomia radical envolve a remoção de todo o rim, juntamente com uma seção do ureter, que conduz a urina até bexiga.
A nefrectomia pode ser feita por cirurgia laparoscópica, sendo uma cirurgia minimamente invasiva. A cirurgia laparoscópica envolve o uso de uma pequena câmera e que é passada através de uma incisão na parede abdominal, usado para visualizar a cavidade abdominal e remover o rim através de uma pequena incisão auxiliar. Esse procedimento é feito sob anestesia geral. Temos ainda a nefrectomia robótica, sendo ela o padrão em casos de nefrectomia parcial.
Entretanto, quando a doença já se apresenta com metástases, o protocolo de tratamento é mais severo. Em muitos casos o objetivo do tratamento é frear o avanço da doença. Combina-se imunoterapia com cirurgia.
É fundamental o tratamento conjunto com especialistas de outras áreas, como oncologista, urologista e nefrologista. Cuide-se!
Como é o pós-operatório e como fica a minha função renal?
Após a cirurgia é necessário tomar muitos cuidados, um deles é a higienização com a ferida da cirurgia.
É necessário trocar os curativos diariamente e evitar a exposição ao sol.
Outro ponto de atenção é a alimentação, não existem restrições específicas, mas é importante evitar alimentos de digestão difícil, gorduras, carnes gordurosas e frituras.
Evitar bebidas, refrigerante, e bebidas alcoólicas por 15 dias; já chá, água de coco e sucos naturais estão liberados.
O paciente deve manter repouso por 30 dias, sem atividades pesadas, ainda assim é muito importante movimentar-se.
O rim remanescente deve ser regularmente testado para verificar quão bem está funcionando. Um exame de urina e medida da pressão arterial devem ser feitos regularmente a cada ano, pelo menos, e indicadores da função renal (creatinina, taxa de filtração glomerular) devem ser também verificados a cada ano (ou mais frequentemente, se resultados anormais forem encontrados).
Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje pela sua saúde!
📌Dúvidas? Entre em contato através do WhatsApp ou e-mail
Dr. Giovanni Marchini – CRM-SP 124.952
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