Vacinas de Covid no Brasil – Pfizer, CoronaVac, Oxford, Sputnik, Moderna, Jansen: eficácia, efeitos colaterais, número e intervalo de doses, prós e contras de cada uma.
Devido aos vários tipos de vacinas de Covid disponíveis no Brasil, dúvidas surgem a todo momento. Quais são as diferenças entre esses imunizantes? Qual é a eficácia e tecnologia de cada um? Por que não é possível tomar doses de imunizantes diferentes? Neste post, abordo sobre as vacinas disponíveis no Brasil na atualidade e aquelas que estão por vir.
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Tipos de Vacinas de Covid no Brasil
CoronaVac
O imunizante, que é produzido por meio de uma parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac, utiliza o vírus inativado. Isso significa que o Sars-CoV-2 é inativado por meio de um produto químico ou calor. No corpo, o vírus inativado estimula a reação imune das células, capturando tais vírus e ativando os linfócitos, que são as células responsáveis por combater o novo coronavírus e produzir os anticorpos. Ou seja, o corpo que recebe a vacina com o vírus —já inativado— começa a gerar os anticorpos necessários no combate da doença.
As células que dão início à resposta imune encontram os vírus inativados e os capturam, ativando os linfócitos, células especializadas capazes de combater microrganismos. Os linfócitos produzem anticorpos, que se ligam aos vírus para impedir que eles infectem nossas células.
A vacina foi criada na China pela farmacêutica Sinovac, mas, no Brasil, a parceria com transferência de tecnologia foi feita com o Instituto Butantan. Os testes para estudos clínicos com a CoronaVac começaram em julho de 2020 em oitos estados brasileiros. O estudo foi realizado com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde e expostos diariamente à covid-19.
Aqueles que tomam a vacina têm 50,38% menos chances de adoecer caso sejam infectados pelo vírus, 78% contra casos leves e 100% de eficácia contra casos graves. O imunizante deve ser aplicado em duas doses, dentro de um intervalo de 14 a 28 dias entre ambas.
De acordo com o Instituto Butantan, as reações indesejadas mais observadas após a aplicação da vacina foram dor no local da aplicação e dor de cabeça após a primeira dose. Até o momento, não foram identificados efeitos adversos graves.
AstraZeneca
A vacina é produzida por meio de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade de Oxford e a empresa biofarmacêutica britânica AstraZeneca. A tecnologia utilizada é de vetor viral: um vírus conhecido por causar gripe comum em chimpanzés, denominado cientificamente como adenovírus, é enfraquecido e utilizado para carregar o material genético do Sars-CoV-2 para dentro do corpo humano. Nas células, o adenovírus começa a produzir a proteína Spike, que auxilia o Sars-CoV-2 a invadir as células humanas, estimulando o sistema imunológico.
A vacina produzida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) usa uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Por isso, utiliza um “vírus vivo”, como um adenovírus (que causa o resfriado comum), que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde.
Este adenovírus também é modificado por meio de engenharia genética para passar a carregar em si as instruções para a produção de uma proteína característica do coronavírus, conhecida como espícula. Ao entrar nas células, o adenovírus faz com que elas passem a produzir essa proteína e a exiba em sua superfície, o que é detectado pelo sistema imune, que cria formas de combater o coronavírus e cria uma resposta protetora contra uma infecção.
A vacina foi criada no Reino Unido em uma parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, houve a transferência de tecnologia para Bio-Manguinhos, a unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz. Voluntários brasileiros também participaram da fase de testes: foram 10 mil pessoas no total em cinco estados. A vacina já começou a ser aplicada no Brasil. No dia 12 de março, o imunizante teve o registro definitivo aprovado.
Segundo a Fiocruz, a vacina protege em 79% contra casos sintomáticos e em 100% contra casos graves e hospitalizações. Deve ser aplicada em duas doses, com um intervalo de três meses entre ambas. De acordo com a bula do imunizante, as reações adversas mais reportadas foram dor no local da injeção, cefaleia, fadiga, mialgia, mal estar, pirexia, calafrios, artralgia e náusea, todas de intensidade leve.
Pfizer
A Pfizer anunciou que sua vacina contra a covid-19, elaborada em parceria com a empresa alemã BioNTech, é segura e tem 95% de eficácia após a terceira fase de testes. Ela utiliza uma tecnologia parecida com a do vetor viral, conhecida como mRNA ou RNA-mensageiro. O imunizante é criado a partir da replicação do RNA do Sars-CoV-2, que contém a informação genética do novo coronavírus. O RNA replicado imita a proteína Spike, específica da covid-19, e invade as células, estimulando uma resposta imune
Os imunizantes são criados a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética, o que torna o processo mais barato e mais rápido. O RNA mensageiro mimetiza a proteína spike, específica do vírus Sars-CoV-2, que o auxilia a invadir as células humanas. Essa “cópia” não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico para criar defesa no organismo. O imunizante da Pfizer precisa ser estocado a -75ºC —um dos grandes desafios para os países.
A eficácia do imunizante, de acordo com um estudo israelense, é de 97% contra casos sintomáticos, 91,5% contra casos assintomáticos, 96,7% contra casos graves e 96,7% contra óbitos. Os efeitos colaterais observados são cansaço, dor de cabeça, muscular e nas articulações, calafrios, febre, inchaço e vermelhidão na região da aplicação, náusea, mal-estar e linfonodos inchados.
A vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis países. No Brasil, os testes foram feitos em São Paulo e Bahia. No dia 23 de fevereiro, o imunizante teve o registro definitivo aprovado pela Anvisa. Em 19 de março, o governo Bolsonaro assinou contrato de compra de 100 milhões de doses com o laboratório. A vacina já está sendo aplicada em diversos países do mundo.
Sputnik V
Doses do imunizante Sputnik V, produzido na Rússia pelo Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya e pelo Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), foram compradas por governos estaduais, mas ainda não foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A vacina também utiliza a tecnologia de “vetor viral”, ou seja, outros vírus inativados que carregam a informação genética do novo coronavírus para dentro das células humanas, estimulando-as a gerar uma resposta imune.
Uma vez injetados no organismo, eles entram nas células e fazem com que elas passem a produzir e exibir essa proteína em sua superfície. Isso alerta o sistema imunológico, que aciona células de defesa e, desta forma, aprende a combater o Sars-CoV-2. A diferença para a de Oxford é que a Sputnik usa adenovírus diferentes na primeira e segunda doses, o que, segundo especialistas, reforça a resposta imunológica.
A eficácia é de 91,6% contra a doença sintomática e 100% eficaz na prevenção de casos graves e mortes. O imunizante deve ser aplicado em duas doses, com um intervalo de 21 dias entre ambas.
Entre os efeitos colaterais observados pelos pesquisadores, estão desconforto no local da injeção, dor de cabeça, cansaço e sintomas gripais leves.
A União Química, farmacêutica responsável pelo imunizante de origem russa no Brasil, protocolou um pedido de uso emergencial da Sputnik V na Anvisa em 26 de março.
Ela já é administrada na Rússia e em outros países, como Argentina e Argélia. No começo de março, o Ministério da Saúde assinou contrato para receber 10 milhões de doses da Sputnik V.
Janssen
A vacina produzida pela farmacêutica Janssen, da companhia Johnson & Johnson, diferente das outras, precisa apenas de uma dose única. A tecnologia é baseada em vetores de adenovírus —tipo de vírus que causam o resfriado comum, mas ao serem modificados para desenvolver a vacina, eles não se replicam e não causam resfriado.
Outra parte do processo envolve o código genético do próprio vírus Sars-CoV-2. Para produzir a vacina, um pedaço da proteína “S”, presente nessas espículas responsáveis pela ligação do vírus às células do corpo humano, é colocado dentro do adenovírus (que é o vetor, ou transportador).
Quando a pessoa recebe a vacina composta do adenovírus não replicante, que carrega a informação genética do novo coronavírus, o corpo inicia um processo de defesa e produz anticorpos contra aquele invasor, criando uma memória no corpo contra o coronavírus.
Em janeiro deste ano, a farmacêutica anunciou eficácia global da vacina de 66%. Em março, a Janssen informou que o imunizante contra covid-19 tem 87% de eficácia contra formas graves da variante brasileira.
No dia 24 de março, a Anvisa recebeu o pedido de registro emergencial da vacina da Janssen. No dia 19 de março, o governo assinou contrato de compra de 38 milhões de doses, mas sem data exata de entrega. O imunizante foi também testado com voluntários brasileiros na fase 3, quando são realizados testes em grandes populações para avaliar a segurança e a eficácia da vacina.
Moderna
Assim como a da Pfizer, a vacina da Moderna também utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, que mimetiza a proteína spike —específica do vírus Sars-CoV-2— que o auxilia a invadir as células humanas. Porém, essa “cópia” não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo.
A única diferença para a vacina da Pfizer é que esta necessita de armazenamento de -20ºC. Eficácia Um estudo publicado por cientistas independentes no New England Journal of Medicine confirmou que a vacina da Moderna tem eficácia de 94,1% na prevenção da doença.
No Brasil: Diferente das vacinas citadas anteriormente, a Moderna não realizou testes no Brasil. Já aprovada e utilizada na União Europeia, nos Estados Unidos e em outros países, o Brasil segue sem nenhum acordo com a farmacêutica. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que poderá comprar doses da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa norte-americana, mas não abordou detalhes de como o acordo poderia ocorrer.
Vacinas de Covid no Brasil: As 2 Primeiras Doses tomadas devem ser da mesma vacina!
A segurança e a eficácia das vacinas utilizadas no Brasil foram testadas a partir da aplicação de duas doses do mesmo imunizante, criado a partir de tecnologia e componentes diferentes por cada empresa. Portanto, por não haver pesquisas sobre a segurança das vacinas misturadas, não está autorizada a aplicação de doses misturadas.
Caso isso ocorra, a recomendação do Ministério da Saúde é tomar uma terceira dose da mesma marca da primeira para completar a proteção integral, se o intervalo entre a primeira e a segunda for menor do que 14 dias. Mas, se o intervalo for maior do que isso, o recomendado é não fazer a aplicação de uma terceira dose.
Tipos de vacinas no Brasil
Vacina | Fabricante | Tipo | Doses | Intervalo | Eficácia | Efeitos colaterais | Estudo |
CoronaVac | Sinovac + Butantan | Vírus inativado | 2 | 2-4 semanas | Geral 50,38% Casos leves 78% Casos graves 100% | Dor no local aplicação Dor de cabeça | 13060 prof saúde; placebo era placebo |
AstraZeneca | Oxford + Fiocruz | Adenovírus enfraquecido com proteína espícula | 2 | 3 meses | 79% casos sintomáticos 100% casos graves | Dor no local aplicação Dor de cabeça Fadiga Mialgia Mal estar Febre Calafrios Artralgia Náuseas Tosse | 10 mil voluntários; placebo era outra vacina |
Pfizer | Pfizer EUA + BioNTech Alemanha | RNA-mensageiro que gera proteína espícula precisa ficar a -75oC | 2 | 3 semanas | Geral 91,5% 97% casos sintomáticos 96,7% casos graves | Cansaço Dor de cabeça Mialgia Artralgia Calafrio Febre Dor no local aplicação Náuseas Mal estra | 43,5 mil pessoas; placebo era placebo |
Sputinik V | Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya Russia + União Química Brasil se Anvisa aprovar | Adenovírus enfraquecido carregando material genético da espícula; Adenovírus diferentes na 1a e 2a doses | 2 | 3 semanas | 91,6% casos sintomáticos 100% casos graves | Dor no local aplicação Dor de cabeça Cansaço Sintomas gripais leves | 19866 voluntários placebo era placebo |
Janssen | Johnson e Johnson | Vetores de adenovírus co proteína S da espícula | 1 | – | Global de 66% Graves 87% Nos Estados Unidos, a eficácia foi de 72%, na América Latina (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru), 66%, e na África do Sul, 57%. | Dor no local aplicação Dor de cabeça Cansaço Sintomas gripais leves febre | 43783 mil voluntários |
Moderna | Moderna – EUA | RNA-mensageiro que gera proteína espícula precisa ficar a -20oC | 2 | 4-6 semanas | Geral 94,1% | Cansaço Dor de cabeça Mialgia | 30 mil pessoas nos EUA; placebo era placebo |
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Dr. Giovanni Marchini – CRM-SP 124.952
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