Episódio 014 – A verdade por trás do screening do câncer de próstata: o rastreamento evita o câncer?
O rastreamento do câncer de próstata evita o câncer. Neste episódio, vamos discutir todos os aspectos acerca do real valor das campanhas de prevenção do câncer de próstata e seu screening.
Começamos com uma abordagem geral e vamos especificando para o caso da próstata.
O que significa prevenção primária?
- Consiste em uma ação ou conduta que evita que algo ocorra; Exemplo: parar de fumar diminui o risco de câncer de pulmão.
- Fora da Medicina, podemos citar: diminuição da velocidade e colocação de lombadas em vias específicas, o que diminui a incidência de batidas e atropelamentos.
O que significa prevenção secundária?
- Significa realizar uma ação ou conduta que, apesar de não evitar que um evento ocorra, permite que este evento seja identificado rapidamente, com maior chance de assumir medidas para minimiza-lo;
- Exemplo: paciente que infartou, após o diagnóstico e tratamento inicial, deve receber AAS e estatinas para evitar novo evento cardiovascular. Voltando ao exemplo do trânsito, seria o uso de cinto de segurança, não impede a batida mas diminui a chance de graves traumas caso o acidente ocorra.
Rastreamento do câncer de próstata então se enquadra em qual tipo de prevenção?
- Como dito acima, é uma forma de prevenção secundária. O rastreamento do câncer de próstata, não evita o aparecimento do câncer, mas permite na maior parte dos casos um diagnóstico precoce, aumentando as chances de um tratamento curativo.
Quando uma doença permite um teste de rastreamento?
- De acordo com as orientações do Ministério da Saúde, para implantar programas de rastreamento em atenção primária é necessário que o problema clínico a ser rastreado atenda aos seguintes critérios:
- A doença deve representar um importante problema de saúde pública que seja relevante para a população, levando em consideração os conceitos de magnitude, transcendência e vulnerabilidade;
- A história natural da doença ou do problema clínico deve ser bem conhecida;
- Deve existir estágio pré-clínico (assintomático) bem definido, durante o qual a doença possa ser diagnosticada;
- O benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que se a condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico;
- Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar disponíveis, aceitáveis e confiáveis;
- O custo do rastreamento e tratamento de uma condição clínica deve ser razoável e compatível com o orçamento destinado ao sistema de saúde como um todo;
- O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático.
Quais as recomendações de rastreamento para o câncer de próstata?
- Todo homem acima de 50 anos deve ser rastreado.
- Indivíduos com antecedente familiar + de câncer de próstata, e/ou indivíduos da raça negra devem iniciar o rastreamento com 45 anos (maior risco no primeiro caso; maior agressividade no segundo)
O PSA é perfeito? Pode ser usado isoladamente?
- Infelizmente não, ele é específico da próstata e não do câncer em si.
- Para investigar a existência do câncer de próstata, são feitos basicamente 2 ou 3 exames iniciais. Lembrando que todo homem acima de 50 anos deve passar por essa rotina:
➡️ Exame de toque retal: o médico avalia tamanho, forma e textura da próstata, introduzindo o dedo protegido por uma luva lubrificada no reto. Este exame permite palpar as partes posterior e lateral da próstata, procurando por nódulos. É um exame incômodo, porém indolor.
➡️ Exame de PSA: é um exame de sangue que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata, o Antígeno Prostático Específico (PSA). Níveis altos dessa proteína podem significar câncer, mas também doenças benignas da próstata.
➡️ Biópsia: se existe suspeita de câncer, seja pela elevação do PSA ou por achado no toque retal, é solicitado um procedimento sob sedação para que pequenos fragmentos da glândula sejam coletados para uma análise mais aprofundada.
Os mitos envolvendo a próstata
- O medo de ir ao urologista faz parte da vida de quase todo homem. É um sentimento natural que surgiu na sociedade moderna diante de alguns fatos acerca do atendimento urológico.
- Mas esse medo tem embasamento? Como surgiu? Bom, é simples. Os dois maiores culpados pelo receio de ir ao urologista têm a ver com a próstata.
- A próstata é um órgão que fica abaixo da bexiga, e sua face posterior está em contato com o reto (ver imagem). O primeiro medo de ir ao urologista é pelo fato de o toque retal ser o exame físico para identificar nódulos suspeitos na próstata, o que poderia levar ao diagnóstico de um tumor dessa glândula. O toque retal é a única forma de se examinar fisicamente a glândula prostática e por isso assume-se que todo homem que visita o urologista terá esse exame feito. Isso não é verdade. O exame tem indicações precisas e sem consentimento ninguém é examinado. Cabe ao paciente decidir em conjunto com seu médico o escopo da consulta.
- Mas esse não é o único fato que gera temor do urologista. A outra situação que gera medo é o fato de o tratamento cirúrgico de doenças da próstata poder causar impotência. Isso pode mesmo acontecer? Pode, mas aqui cabem duas observações que deveriam fazer todo homem perder esse medo. Em primeiro lugar, a doença benigna de próstata que necessita de tratamento cirúrgico tem baixíssima (se é que tem) associação com problemas de ereção pelo ato cirúrgico em si. E isso é pouco divulgado e entendido pelo público em geral. Em segundo lugar, a cirurgia para retirada de toda a próstata para tratamento do câncer (doença maligna) pode sim afetar a potência sexual, mas hoje em dia os índices de disfunção erétil caíram muito com o advento da cirurgia robótica. Isso mesmo, hoje a imensa maioria dos homens que são potentes antes de uma cirurgia por câncer de próstata continuam sexualmente ativos após a cirurgia.
Então porque o tabu acerca do urologista continua?
Por que o homem brasileiro realmente foi condicionado a essa mentalidade de que ir ao urologista necessariamente o proporcionará uma situação constrangedora (exame físico) ou consequências devastadoras (impotência). Se levantarmos os números veremos que esse medo é totalmente infundado. O diabetes, a hipertensão, e o tabagismo causam muito mais problemas de ereção do que qualquer tratamento prostático no Brasil e no mundo. E não vemos ninguém estressado em ir ao cardiologista ou endocrinologista. Vamos então perder esse medo?
Mudança de paradigma na imagem do Urologista: de vilão ao médico da família
- O urologista deve ser visto como um médico de prevenção. Um amigo especializado. Que vai lhe aconselhar sobre hábitos e rotinas para que você não desenvolva certos tipos de problemas como cálculo renal, câncer de rim e bexiga, infecções urinárias, etc.
- E para se um problema de próstata surgir, ele ser identificado prontamente, permitindo que o tratamento não comprometa sua qualidade de vida, no caso da próstata que o paciente continue urinando bem, permaneça potente sexualmente e feliz por não ter dado chance para o azar.
- Ouça o episódio e aprenda mais!
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Nossa muito bom o conteúdo Aqui colocado,se todos os homens tivesse essa consciência de ir aí urologista teria uma grande baixa de câncer de próstata.ja estou com 44 anos faço Controle do psa.porem agora irei fazer o exame retal .toda prevenção tem seus benefícios
Perfeito. E fique a vontade se tiver perguntas ok?
Abraço