Episódio 028 – Hidronefrose e os Riscos ao Rim
#28. Neste episódio, eu abordo todos os aspectos do tema Hidronefrose. Devido à alta procura por informações sobre esse assunto, decidi gravar este episódio para esclarecer as dúvidas mais comuns de nossos queridos pacientes. (Audio no final da página)
Abordamos:
- O que é hidronefrose?
De maneira clara e objetiva, hidronefrose é o termo técnico para descrever a dilatação anormal das vias urinárias. Antes de explicar sobre causas e consequências da hidronefrose, vamos ao básico.
- Como é a via urinária normal?
Do ponto de vista anatômico, de cima para baixo, as estruturas que em conjunto se denominam via urinária são: a via excretora do rim – onde a urina é produzida; o ureter – canal que comunica o rim à bexiga, com diâmetro pequeno de 2-4mm em situação normal; a bexiga – órgão que armazena a urina que vem dos dois rins, com capacidade normal de 300 a 500ml; e uretra – canal que comunica a bexiga com o meio externo.
Em um situação normal, a urina desce pelas vias urinárias sem causar aumento de seu diâmetro. Portanto, nos exames de imagem como a ultrassonografia ou tomografia, quase não se vê esse espaço virtual das vias urinárias, se enxerga apenas seus limites e estruturas vizinhas. Aqui cabe lembrar que o exame de raio X não ajuda na visualização da via urinária em si, mesmo que dilatada. Só permite essa visão caso contraste seja utilizado para que ele apareça radiopaco no raio X no momento que o rim o elimina pelas vias urinárias.
- O que seria uma via urinária doente?
Em situações patológicas, que fogem da normalidade, ocorre a hidronefrose e os exames demonstram essa dilatação das vias urinárias, em menor ou maior grau (ver imagem). Duas situações normais que podem ser confundidas com hidronefrose são os cistos renais (“bolinhas de urina dentro do rim”) quando ficam perto da via urinária; e variações da anatomia normal como a pelve extra-renal, que nada mais é do que uma porção central da via urinária que pode nascer com uma porção mais afastada do rim ao invés de toda ela dentro dos limites do rim.
Falando agora especificamente da hidronefrose patológica, relacionada a doenças, toda vez que estamos diante de uma dilatação das vias urinárias, pensamos automaticamente em obstrução: ou seja, que algo está obstruindo a urina em algum ponto do sistema, levando a uma dilatação da via urinária acima deste ponto pela contínua produção de urina pelo rim. As causas obstrutivas são realmente as mais comuns, e os motivos mais frequentes de obstrução são a descida de um cálculo renal para o ureter, estreitamentos congênitos do ureter em sua porção mais alta perto do rim ou mais baixa perto da bexiga; tumores da via urinária; tumores externos que comprimem o ureter de forma extrínseca; entre outros.
- Hidronefrose obstrutiva versus refluxiva
Entretanto, nunca podemos nos esquecer que a hidronefrose pode ocorrer por refluxo anormal da urina da bexiga para o rim. Nossa bexiga possui um mecanismo natural anti refluxo, o qual impede que a urina retorne ao rim quando a bexiga se enche ou contrai. O refluxo vesico-ureteral (nome técnico) pode acontecer por uma falha anatômica do implante do ureter na bexiga desde sua formação (comum em crianças); por uma obstrução abaixo do nível da bexiga que eleva a pressão dentro dela e culmina com refluxo para o ureter por ser local de menor resistência (ex: em homens com próstata obstrutiva por hiperplasia prostática benigna que atrapalha a micção); por uso do cateter duplo J, que garante a drenagem da urina do rim para a bexiga mas também permite o retorno da urina da bexiga ao rim quando ela está com pressão elevada; entre outras causas.
- Quais os sintomas mais relacionados à hidronefrose?
As hidronefroses obstrutivas costumam cursar com dor lombar, principalmente na fase aguda. Podem gerar a famosa cólica renal, já discutida em outro post: dor aguda, intensa, apenas do lado da obstrução, que não tem posição de melhora ou piora, e que está associada a náuseas e vômitos. Outros sintomas possíveis são sangramento na urina (hematúria) e aumento da frequência miccional (polaciúria)
Já se a causa da hidronefrose for refluxiva e patológica, sintomas comuns são o desconforto lombar e as infecções urinárias de repetição. Surge a ardência ao urinar (disúria), e pode ocorrer febre em infecções que acometem os rins.
O tratamento das causas leva ao alívio dos sintomas, seja qual for a origem do problema sendo tratado. Isso será discutido em outros episódios.
Quais exames de imagem posso fazer parta investigar?
Os exames de USG e Tomografia são os mais utilizados para as vias urinarias. O uso de contraste na tomografia ajuda, na fase excretora na qual o rim joga o contraste na via urinária, a delimitar bem a hidronefrose e a identificar possíveis causas
Os exames de cintilografia renal (estática – com DMSA; e dinâmica – com DTPA) ajudam a quantificar a função de um rim em relação ao outro (DMSA) e também a avaliar o escoamento da urina pelas vias urinárias (DTPA)
A urografia excretora seria um raio x com contraste intravenoso, no qual os rins captam e excretam esse contraste, podendo ser avaliada a forma das vias urinárias. Vem sendo pouco usada após o advento da tomografia com contraste.
Em pacientes com alergia ao contraste iodado, podemos realizar uma URO-Ressonância, na qual a via urinária é avaliada. Ajuda na identificação de hidronefrose, porém pode não ajudar a identificar causas como os cálculos em ureter, por exemplo.
Por via, para avaliar refluxo da bexiga aos rins, solicitamos uma uretrocistografia miccional e retrógrada, na qual contraste é colocado pela uretra neste canal e na bexiga, e raios-Xs são realizados sequencialmente para avaliar se o contraste retorna aos rins, o que não deveria acontecer.
- Meu rim pode estar ameaçado?
Tanto a obstrução do rim que gera hidronefrose quanto um refluxo ao rim da urina da bexiga, principalmente se associado à infecção urinária, podem levar ao dano das células renais, de forma reversível se tratados rapidamente, ou irreversível se o problema não for resolvido com agilidade.
E é por esse motivo que a presença de algum grau de hidronefrose, em conjunto com a análise dos sinais e sintomas, implica em maior atenção ao caso e à origem do problema. Nessa situação se faz mandatória a avaliação por médico urologista para que a melhor alternativa terapêutica seja definida em conjunto com o paciente.
- Como trato diferentes causas de hidronefrose?
A hidronefrose deve ser tratada de acordo com sua origem. O tratamento específico de cada causa será discutido em episódios pontuais do podcast. Não deixem de acessar aqueles de seu interesse. É só procurar pela palavra chave no campo de procura de nosso site.
- Ouça o episódio e aprenda mais!
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Gostei muito das explicação. Pois perdi um rim por isso aí. Obrigado pela clareza das explicação
Obrigado pelo elogio, fico à disposição;