Na conversa inicial entre médico e paciente (anamnese), o primeiro item trata da identificação do indivíduo. Isso vem antes da própria queixa ou motivo da consulta. Inclui dados como idade, raça, estado civil, filhos, naturalidade, local de residência. Inclui ainda a profissão e a religião. Me impressiona como as pessoas se assustam quando pergunto isso. Às vezes assumem uma postura defensiva. Comentam em algumas ocasiões que nunca foram perguntadas sobre esses tópicos. Será que a Medicina que eu aprendi mudou tanto que até isso já não é mais necessário?
A resposta é não, não mudou. Sim, faz parte da consulta. Infelizmente às vezes o mais frequente não é o certo. O fato de muitos médicos pularem esta etapa não faz disso o correto. Portanto, continuo e continuarei perguntando para criar vínculo com meus pacientes, ajudar em meu raciocínio clínico, e honrar os mestres que a mim ensinaram dessa forma. Mas voltemos ao tópico de nosso artigo: minha profissão impacta tanto assim meu tratamento?
Me ocorreu escrever sobre isso pois em recente congresso discutimos um caso muito interessante. Tratava-se de um homem de 51 anos que teve o diagnóstico de um cálculo renal em exame de ultrassonografia. O mesmo nos veio encaminhado e solicitamos então uma tomografia, o exame padrão-ouro para diagnóstico de cálculo renal. Esse exame comprovou a existência de um cálculo renal de 6mm no terço inferior de seu rim. Nosso paciente nunca havia tido uma cólica renal na vida. Era saudável e estava totalmente assintomático. Com exceção desse cálculo, todos os seus demais exames estavam normais. Temos que tratar?
Bom, se analisarmos especificamente pelos sintomas (ausência de sintomas nesse caso), tamanho e posição do cálculo (6mm em cálice inferior), o tratamento cirúrgico não é obrigatório segundo os “guidelines” que seguimos. Só seria indicado tratamento intervencionista caso estivesse em outro local do rim, ou fosse maior que 10mm, ou então sintomático. Mas então o que torna esse caso especial a ponto de ser discutido em um congresso de especialista?
Como não poderia ser diferente do imaginado pelo próprio título do artigo, o fator determinante da conduta neste caso foi a profissão do paciente. Para vocês terem uma ideia do desespero da pessoa, após a confirmação do diagnóstico, ele foi proibido de exercer sua profissão até que seu caso fosse solucionado. Literalmente foi colocada de licença e obrigada a tratar o cálculo. Imagem o drama vivido por esse homem que dedicou toda sua vida a essa profissão e agora era impedido de exercê-la. Pois pergunto a vocês, qual a profissão que tem em sua regulamentação essa determinação? Qual era o trabalho desse paciente?
Ele é piloto de avião! E pilotos não podem voar com esse cálculo pois na eventualidade de uma migração e cólica, algo bem grave pode acontecer lá em cima. Imaginou? Por esse motivo ele deve ser tratado e ficar 100% sem cálculos em seus rins para que possa voar novamente. Na verdade já tratamos essa pessoa e hoje ele está feliz e de volta à ativa na aviação. Apesar de para os pilotos de avião existir uma regulação específica, temos outras profissões que exigem também um cuidado especial. Executivos ou outros trabalhadores que viajam muito são candidatos a tratamento mais “liberal” pelo risco de uma cólica renal em lugares remotos. O mesmo vale para pessoas que trabalham em lugares sem rápido acesso ao sistema de saúde. E por aí vai…
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